Transcrevo uma mensagem do jornalista Roberto de Carvalho.
UM DURO APRENDIZADO NEGRO
ROBERTO DE CARVALHO*
Há dez anos, o Congresso Nacional não consegue aprovar o Estatuto
da Igualdade Racial (EIR), que estabelece mecanismos importantes de ascensão
negra no serviço público federal, e neste caso, se aprovado, pode desencadear
políticas idênticas nos 27 estados e 5.600 municípios brasileiros.
Assim, parte da dívida histórica da sociedade brasileira com a
comunidade negra – 75 milhões de pessoas - poderia ser sanada, pois, como todos
os estudiosos reconhecem, após a abolição, o negro foi jogado ao “deus-dará”, e
acabou incorporando um estereótipo terrível: preto, favelado e marginal.
Foi contra este estereótipo que o antigo PFL – hoje DEM – durante
a campanha de César Maia ao governo do estado, em 1998, se permitiu a discussão
em suas hostes partidária. Neste sentido, no Rio de Janeiro, o então PFL percebeu
a importância do voto negro e de sua história de eterno cidadão de “segunda
classe”.
Era um fato constatável a olho nu e também referendado pelo IBGE,
cujos indicadores - censo de 1990 - mostravam que o negro era a categoria
racial mais atrasada do país, sendo campeão dos índices negativos.
Com o apoio do então deputado federal Arolde de Oliveira, foi
criado o Comitê Afro-Liberal, grupo negro de apoio à campanha de César Maia ao
governo estadual. Pela sua qualificação, o grupo acabou se tornando uma referência
no movimento negro. Assim, em 1998, convidado pela executiva nacional do
partido, esteve em Brasília discutindo a possibilidade de o Afro-Liberal se
espalhar em todos os estados sob a coordenação do antigo PFL.
Naquele momento, o fato levou os militantes do movimento negro
fluminenses a ficarem perplexos e sem alternativas: como um partido conservador
estava na frente deles em políticas públicas de recuperação das desvantagens
históricas entre negros e brancos? Por que, eles, do movimento negro
tradicional, não apareciam na mídia como o Afro-Liberal? Reuniões e mais
reuniões destes militantes afro-liberal foram feitas e, mesmo assim, não
conseguiam entender este momento importante na conjuntura política de 1998.
Onze anos depois deste importante movimento – o Programa de
Governo do Afro-Liberal (1998) continua sendo uma referência para o movimento
negro no Rio, pois, ali, foram elencados grandes propostas de trabalho para
eliminar a discriminação e incluir o negro nas demandas do desenvolvimento
social.
No entanto, o quê este importante grupo projetou – políticas
públicas para a comunidade negra – vem sendo obstacularizado no Congresso
Nacional pelo próprio DEM, antigo PFL, principalmente na figura do senador
Demóstenes Torres. Este, resistente a políticas para negros, por
conseguinte, desconhece as incursões do
partido pelo lado racial no final dos anos 1990.
Neste momento, é fundamental, na minha avaliação, que as
lideranças do DEM entendam uma história: no Rio, pelo menos, o partido estará
apoiando uma negra, Marina Silva, à Presidência da República.
Neste caso, a resistência partidária no Congresso Nacional contra
o Estatuto da Igualdade Racial (EIR) é uma bola fora pesadíssima na campanha
fluminense do DEM.
Por exemplo: como Marina, que é negra, irá responder a uma indagação
da imprensa segundo a qual um dos partidos que lhe apóia no Rio resiste
tenazmente a implementação de políticas para uma comunidade que ostenta os piores
índices de negatividade em cidadania ?
Acreditamos, neste momento, ser fundamental, que as lideranças do DEM
mergulhem nas eleições de 1998-1999, no Rio, onde o Afro-Liberal despontou.
ROBERTO DE CARVALHO é jornalista e publicitário, um dos fundadores do
Afro-Liberal/ PFL, (DEM).
ROBERTO DE CARVALHO*
Há dez anos, o Congresso Nacional não consegue aprovar o Estatuto
da Igualdade Racial (EIR), que estabelece mecanismos importantes de ascensão
negra no serviço público federal, e neste caso, se aprovado, pode desencadear
políticas idênticas nos 27 estados e 5.600 municípios brasileiros.
Assim, parte da dívida histórica da sociedade brasileira com a
comunidade negra – 75 milhões de pessoas - poderia ser sanada, pois, como todos
os estudiosos reconhecem, após a abolição, o negro foi jogado ao “deus-dará”, e
acabou incorporando um estereótipo terrível: preto, favelado e marginal.
Foi contra este estereótipo que o antigo PFL – hoje DEM – durante
a campanha de César Maia ao governo do estado, em 1998, se permitiu a discussão
em suas hostes partidária. Neste sentido, no Rio de Janeiro, o então PFL percebeu
a importância do voto negro e de sua história de eterno cidadão de “segunda
classe”.
Era um fato constatável a olho nu e também referendado pelo IBGE,
cujos indicadores - censo de 1990 - mostravam que o negro era a categoria
racial mais atrasada do país, sendo campeão dos índices negativos.
Com o apoio do então deputado federal Arolde de Oliveira, foi
criado o Comitê Afro-Liberal, grupo negro de apoio à campanha de César Maia ao
governo estadual. Pela sua qualificação, o grupo acabou se tornando uma referência
no movimento negro. Assim, em 1998, convidado pela executiva nacional do
partido, esteve em Brasília discutindo a possibilidade de o Afro-Liberal se
espalhar em todos os estados sob a coordenação do antigo PFL.
Naquele momento, o fato levou os militantes do movimento negro
fluminenses a ficarem perplexos e sem alternativas: como um partido conservador
estava na frente deles em políticas públicas de recuperação das desvantagens
históricas entre negros e brancos? Por que, eles, do movimento negro
tradicional, não apareciam na mídia como o Afro-Liberal? Reuniões e mais
reuniões destes militantes afro-liberal foram feitas e, mesmo assim, não
conseguiam entender este momento importante na conjuntura política de 1998.
Onze anos depois deste importante movimento – o Programa de
Governo do Afro-Liberal (1998) continua sendo uma referência para o movimento
negro no Rio, pois, ali, foram elencados grandes propostas de trabalho para
eliminar a discriminação e incluir o negro nas demandas do desenvolvimento
social.
No entanto, o quê este importante grupo projetou – políticas
públicas para a comunidade negra – vem sendo obstacularizado no Congresso
Nacional pelo próprio DEM, antigo PFL, principalmente na figura do senador
Demóstenes Torres. Este, resistente a políticas para negros, por
conseguinte, desconhece as incursões do
partido pelo lado racial no final dos anos 1990.
Neste momento, é fundamental, na minha avaliação, que as
lideranças do DEM entendam uma história: no Rio, pelo menos, o partido estará
apoiando uma negra, Marina Silva, à Presidência da República.
Neste caso, a resistência partidária no Congresso Nacional contra
o Estatuto da Igualdade Racial (EIR) é uma bola fora pesadíssima na campanha
fluminense do DEM.
Por exemplo: como Marina, que é negra, irá responder a uma indagação
da imprensa segundo a qual um dos partidos que lhe apóia no Rio resiste
tenazmente a implementação de políticas para uma comunidade que ostenta os piores
índices de negatividade em cidadania ?
Acreditamos, neste momento, ser fundamental, que as lideranças do DEM
mergulhem nas eleições de 1998-1999, no Rio, onde o Afro-Liberal despontou.
ROBERTO DE CARVALHO é jornalista e publicitário, um dos fundadores do
Afro-Liberal/ PFL, (DEM).
Nenhum comentário:
Postar um comentário