Faço pausa na minha escrita principal, a dissertação de mestrado e na escrita acessória irreprimível no Facebook. Aqui no blog acabo escrevendo com maior pausa e reflexão pelo estilo de escrita que me impus, o que limita meu ímpeto de escrever sobre tanta coisa que não cabe no Atabaqueblog. O que nem é o caso dessa postagem pelos motivos apontados, mas que comento como registro de não ter podido escrever com maior reflexão como gostaria.
Recebi por email uma nota sobre uma prova no IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF), na disciplina Ação Cultural em Unidades de Informação ministrado pela Professora Renata Gouvea Barbalho.
Uma reunião está marcada para a próxima quinta-feira, 5/9/2013, às 19h, na Rua Aurelino Leal, 31, no centro de Niterói. Fica perto das Barcas.
O grupo de repúdio que se mobiliza contra essa prova apresentada aos alunos sem qualquer nota crítica que introduzisse ou justificasse o tema o que sugere que se trata de uma má pedagogia e expõe a desavisada (?) professora a uma reprimenda pública e a sanções administrativas que serão exigidas da Universidade.
Segue o texto apresentado pela Professora Renata Gouvea
O texto da prova foi retirado de um blog racista, xenófobo, homofóbioco e machista de nome
<http://aurorabrasilis.blogspot.com.br>.
Veja abaixo o texto da prova apresentada aos alunos:
Prova
da UFF que a aluna se recusou a fazer:
Estudo provando que o negro é inferior [...] Os
primeiros exploradores da África Oriental foram os árabes muçulmanos, eles
escreveram como ficaram chocados com a nudez, o paganismo, o canibalismo e a
pobreza dos nativos. Um deles afirmou que os negros possuíam a natureza de
animais selvagens. Outro se espantou ao descobrir que as crianças não sabiam
quem era o pai. Centenas de anos mais tarde, os exploradores europeus tiveram
as mesmas impressões. Eles relataram que os africanos pareciam ter pouca
inteligência e poucos vocábulos para expressar pensamentos complexos, também
reclamaram da falta de hábitos de higiene. Todos os relatos seriam fruto do
etnocentrismo?
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Certamente que não, pois a história está repleta
de narrativas sobre visitantes de culturas bem diferentes que mesmo assim
elogiaram as qualidades dos outros povos. Os brancos que participaram das
viagens de exploração à China eram tão racistas quanto aqueles que exploraram
a África, mas suas descrições eram diferentes das que, tanto eles quanto os
árabes, escreveram sobre os africanos. Marco Polo descobriu que os chineses
tinham construído boas estradas, pontes, cidades ligadas por canais, um
sistema de recenseamento, mercados, padrões de pesos e medidas, e não apenas
moedas, mas também dinheiro de papel. Mesmo estando consciente da grandeza da
Antiga Roma, o italiano Marco Polo escreveu: "Não existe raça mais
inteligente na Terra do que os chineses". Para explicar tanta
disparidade, os sociólogos defendem que não é possível comparar culturas,
porque todas são igualmente evoluídas, cada uma da sua maneira.
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Ignoram que fatores objetivos, entre eles:
expectativa de vida, saneamento básico e tratamento médico são usados até
hoje na comparação de cidades, estados e países. Pena que poucos defensores
dessa posição estejam dispostos a abandonar definitivamente a civilização
para morarem
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Os crioulos só estão sub-representados nos delitos
fiscais e financeiros, os quais são praticados por pessoas de elevada posição
social. Os resultados não só se repetiram em estudos feitos na Europa, mas
também no Anuário da Interpol, mostrando que esse padrão racial é consistente
numa escala global. Outro traço comum nos pretos é a promiscuidade,
conseqüentemente, a maioria dos portadores de doenças sexualmente
transmissíveis são da raça negra. A Organização Mundial de Saúde acompanha a
ocorrência das doenças sexuais, tais como: sífilis, gonorréia, herpes e
clamídia. Ela reporta baixos níveis dessas doenças na China e no Japão e
altos níveis na África. Estudos feitos nos Estados Unidos, em 1997,
constataram que a sífilis nos negros era 24 vezes maior que nos brancos.
Enquanto nos brancos a taxa de sífilis era de 0,5 casos por 100.000 pessoas,
nos negros era de 22 casos por 100.000.
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Um recente relatório concluiu que 22% das jovens
moradoras de bairros problemáticos das cidades americanas (na maioria negras)
sofriam de clamídia. Basta visitar um baile funk para comprovar o que estamos
dizendo. As maiores diferenças estão no quesito inteligência, apesar do teste
de QI não ser perfeito, ele tem se mostrado capaz de prever o sucesso
acadêmico e profissional. Baixo QI prediz: abuso infantil, crime,
delinquência, má saúde, propensão para acidentes, geração de crianças fora do
casamento, divórcio antes de decorridos cinco anos e, até mesmo, o ato de fumar
durante a gravidez. A média de QI nos orientais é de 106, nos brancos por
volta de 100 e nos negros cerca de 85.
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Usando o teste das Matrizes Progressivas de Raven,
que mede o raciocínio sem considerar informação cultural específica, Kenneth
Owen obteve o QI de 70 para africanos negros de 13 anos que frequentavam o
sistema escolar sul africano, a mais baixa até hoje registrada, vale
ressaltar que QI de 70 é considerado deficiência. O QI dos mestiços aumenta
de acordo com a quantidade de ancestrais brancos, os mestiços da África do
Sul têm um QI de 85, o mesmo que os negros nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e
Caraíbas. Diversos testes foram realizados e obtiveram resultados
semelhantes, inclusive aqueles conduzidos por psicólogos negros, o que fez o
Nobel de Fisiologia/Medicina James Watson declarar, em artigo publicado no
Sunday Times Magazine de outubro de 2007, que estava "inerentemente
pessimista quanto às perspectivas da África" porque "todas as
nossas políticas sociais estão baseadas no fato de que a inteligência deles é
a mesma que a nossa, enquanto que todos os testes dizem que não é
assim",
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o que custou seu emprego. Você, mulher branca, ao
ler isso, ainda quer engravidar de um macaco? Ao contrário do que a maioria
pensa, a raça vai muito além da cor da pele.[...] Autor: Oswaldo Melchior
(filósofo e teólogo) (pouco me importa se é 'fake' ou não) Disponível
em: http://aurorabrasilis.blogspot.com.br/2012/04/estudo-provando-que-o-negro-e-inferior.htmlAcesso
em: 14 de jan. de 2013.
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Prova
Regras para elaboração da prova: - A prova poderá ser feita individualmente ou em dupla; - Não poderá haver citações diretas com mais de três (3) linhas; - Leia o texto (em anexo) antes de responder as questões. Após a leitura do artigo de Oswaldo Melchior, “Estudo provando que o negro é inferior”, responda as questões: 1- Quais conceitos e concepções de cultura podem ser relacionados à reportagem extraída do site? 2 – Explique o significa dos conceitos de “determinismo biológico” e “determinismo geográfico”: 3 – Porque o conceito de endoculturação diverge da visão apresentada pelo autor do artigo? 4 – Para o autor do artigo a cultura é inata ou empírica? Justifique: 5- Qual a importância de Edward Tylor, no debate sobre cultura? |
6 – Relacione a atual conceito de cultura, na
antropologia, com uma ação cultural:
7 – Como as ações culturais, em uma unidade de informação, podem influenciar na vida dos cidadãos?
7 – Como as ações culturais, em uma unidade de informação, podem influenciar na vida dos cidadãos?
20 comentários:
O texto é revoltante, mas faz parte do objetivo da professora... chocar, botar a galera pra refletir....
No máximo pra cercar a prof. no café e avisar que ela pegou pesado... nada demais!
Coisa de aluno que quer causar por bobagem ao invés de exercitar o pensamento crítico...
"cercar a prof. no café"?!?
Vamos ter mais cuidado com nossas palavras pessoal!
Acho estranho tal situação, acho que devemos pesquisar e averiguar tais fatos antes de sair comentando e divulgando esse tipo de informação... é muito sério. Se... SE realmente foi assim, mas se não foi, a aluna deve ser averiguada também!
Se a professora tinha como intuito problematizar o texto, isso acabou não ocorrendo ou acontecendo pela metade. As questões focaram muito em conceitos teóricos e nada na questão mais candente do racismo. Ela deveria ter elaborado alguma questão mais aberta para discutir, a partir dos conteúdos trabalhados com os alunos sobre Cultura, a questão do racismo e do etnocentrismo. Se tivesse feito isso teria evitado muitos problemas.
Nota-se mesmo que os indivíduos que fizeram tais pesquisas não entendem NADA sobre a cultura africana e sobre os pretos ( digo pretos porque o oposto de branco e preto, e porque também sou preto, e prefiro ser chamado de preto, tendo em vista que preto representa uma cor e negro o que e sombrio, obscuro ); esses indivíduos que se dizem pesquisadores, cientistas, antropologos ou raio que o parta, que acham que possível medir o grau de inteligencia ou provar oito mil anos de existência humana em um laboratório ou com base em pesquisas, não passam de indivíduos com idéias tendenciosas e racistas, estúpidos, quadrados, mentecaptos com um QI abaixo de zero; mais ignobis que eles so aqueles que os dão ouvido
Ae antes de divulgar informações deturbadas (mostrando total ignorância).. vamos averiguar os fatos de forma coerente.. ai está o video com a resposta da professora. cabe ressaltar que esse video foi gravado na própria reunião!
http://twitcasting.tv/midianinja_rj/movie/19123361
Não se problematiza um texto dessa gravidade numa prova. Isso, tendo muita boa vontade e um dificílimo distanciamento crítico, serviria como estudo do fenômeno "racismo". Apresentá-lo numa prova, momento em que o aluno já se encontra naturalmente fragilizado, pela pressão de apresentar bom desempenho, é de uma insensatez que beira a crueldade: tanto o racista irá se inflamar e fazer uma defesa da "cientificidade" do texto como a pessoa que se sente ofendida irá dar uma resposta passional. Em ambos os casos a avaliação do aluno está comprometida. Trata-se, portanto, de um equívoco metodológico.
- P., um brasileiro.
Compartilhando a carta resposta da professora Renata
Amigos, escrevo essa nota para me defender das ACUSAÇÕES e CALÚNIAS de RACISMO que sofri.
Elaborei uma prova, na disciplina de Ação Cultural em Unidades de Informação (curso Arquivologia e Biblioteconomia, UFF), na qual utilizei um texto racista para debater acerca dos discursos racistas e das teorias deterministas desde o século XIX, assim como fiz várias provas como esse mesmo assunto ao longo de minha carreira.
A questão é que desta vez, diferente da outras, utilizei um site ATUAL, já que se tratava de pensar a importância da Ação Cultural nos dias atuais e não no passado.
Minha proposta era que os alunos pensassem para além da ação cultural, pensassem na realidade a qual vivemos e de como, ainda no século XXI, pessoas tentavam utilizar a ciência para manter discursos racistas. Esse DEBATE foi conduzido no decorrer de TODO O CURSO.
Sempre busquei contextualizar o debate e, no caso desse texto, chamando atenção ao fato de que o autor era um faker. Tanto no estudo dirigido anterior a prova, quanto na própria prova, elaborei questões que refletiam acerca como essas teorias deterministas levam ao preconceito e ao racismo ainda hoje. Mesmo diante de todo esse debate realizado em sala de aula, me acusaram de racista (até onde sei uma aluna). Na UFF, me solicitaram esclarecimentos, dos quais dei e que foram aceitos, onde o assunto já foi dado como ESCLARECIDO e ENCERRADO pela Instituição.
Porém o assunto foi levado para fora da Universidade, de forma deturpada e irresponsável, uma vez que não tiveram o cuidado de verificar os fatos, resultando na publicação de textos tendenciosos, induzindo as pessoas a me TAXAREM de racista.
Cabe destacar o texto publicado por um jornalista em sua página pessoal no facebook, que anunciou uma reunião do MOVIMENTO NEGRO, onde seria debatido o assunto. O jornalista lançou o assunto de forma leviana, pois não averiguou os fatos, foi extremamente tendencioso e, irresponsavelmente, citou meu nome. Essa publicação foi compartilhada e replicada por muitos, onde, por muitas vezes, fui “julgada e condenada”.
No dia 05 deste mês, houve a reunião do MOVIMENTO NEGRO de NITEROI apenas para debater o suposto “racismo praticado pela professora da UFF”, no caso, eu. Mesmo NÃO sendo convidada, estive presente no final desta para que pudesse dar a minha versão dos fatos. A reunião foi transmitida ao vivo pela MÍDIA NINJA, que também foi tendenciosa ao usar chamadas como “PROVA RACISTA” e “REUNIÃO DA PROVA RACISTA DA UFF”.
Sobre minha fala na reunião, além de frisar que se tratava de um de REFLEXÃO CRÍTICA e não da disseminação de racismo, alertei para os riscos da repercussão disso em longo prazo. Alertei para o fato de que, se todas as PESSOAS que debatem o assunto, agora, correm o risco de serem acusadas de RACISTAS, isso pode levar ao medo generalizado entre os professores de propor determinados assuntos em sala. Entraríamos num retrocesso na luta contra o preconceito.
Diante de tudo isso (os amigos que me conhecem e sabem que sou uma pessoa muito sensível às questões humanas) a minha vida ficou completamente desestrutura, no sentido profissional e emocional. Estou emocionalmente abalada, o que acaba atrapalhando minhas atividades normais. Diante desses fatos estou procurando não apenas auxílio jurídico, mas também médico para enfrentar tudo isso.
Obrigada a todos que demonstraram seu apoio, principalmente aos meus alunos desta disciplina que, incessantemente, buscam explicar às pessoas o que de fato aconteceu.
Agora deixo disponível o vídeo com minha fala nesta reunião, afim que cada um tire suas próprias conclusões, esperando que todas as dúvidas sejam sanadas e que as falas acusatórias sejam revistas.
http://twitcasting.tv/midianinja_rj/movie/19123361
vi o debate por inteiro na midia ninja não somente a explicação da professora, e realmente nada justifica reproduzir um texto duplamente criminoso como proposta pedagógica ainda mais pra uma turma de graduação em uma matéria cuja a ementa da disciplina em nada corresponde ao estudo do racismo, e pelos textos apresentados dentro de sala de aula como voi apresentado, em nada auxiliavam a refutar o que o autor do texto afirma, além de nas perguntas a professora se referir ao texto como artigo e reportagem mostrando a sua conduta muito mais tendenciosa, ela também fala que faltou várias vezes consecutivas, mostrando que sua trajetória como professora durante o curso foi falha. Outro aspecto que ressalto do debate é o fato da professora ter um texto procurado pela policia federal em sua casa, e ainda por cima distribuí-lo na universidade. Além de perceber pela fala do advoga da OAB que a atitude da professora ao fazer isso ela infringiu não só uma lei mais diversas e ela também não apresentou a sua proposta ao coletivo de professores e nem explicou sua proposta ao departamento antes de levá-lo pra sala de aula é capaz de jamis eles aceitarem caso tivessem sido consultados de apresentar este texto na matéria proposta.
Outro conselho que dou a este blog é que retirem imediatamente este site do ar já que o caso já esta sendo debatido pelas pessoas competentes.
queria dizer para tirarem do ar o texto, não o site.
Quem souber responder as questões da prova vai saber que esse não é um texto racista! Determinismo Biológico, Conceito de Cultura de Tyler... basta ler. Um livro simples é "Cultura: um conceito antropológico" Roque Laraia.
Fingir que os conflitos não existiram não ajuda a resolvê-los. E volto a dizer. Quem sabe fazer a prova sabe que não foi racismo.
Só uma correção, quando digo "esse não é um texto racista" quis me referir a prova. A prova apresentou um pensamento racista e existente em uma época. Esse texto que está na prova problematiza as questões que a professora cobrou. Pelo menos essa foi a percepção que tive.
De boa nada justifica a leitura de um texto tão hediondo pra responder obviedades...
E a infelicidade da escolha está em um texto atual, então Roberto quando você fala conflitos que existiram já vai por água abaixo a pedagogia.
O texto é de um infeliz doente que com dados estatísticos atuais tenta comprovar o determinismo biológico, certamente um texto racista do séc XIX seria muito mais facilmente refutável. Mas as afirmações desse senhorio aí de cima não são do séc XIX
Roberto
você é do grupo "nós não somos racistas" que une Ferreira Gullar entre outros intelectuais, foram tantos atos falhos na sua fala que nossa....
Essa mulher é nazista, e ela ainda implantou ai nesse texto o baile funk que no original não tem.
E Não Roque de Barros Laraia não auxilia e nem justifica a professora obrigar as pessoas a lerem este texto para passar na matéria. Isso tem nome:abuso de poder e tortura!!!
São as tendências racistas de brancos nojentos que se enriqueceram estuprando, furtando, roubando durante suas invasões a África. A África é a terra mãe da humanidade.
Quais conceitos e concepçoes de cultura podem ser relacionadas ao texto?????
não existe
ideologias, práticas cientificas sim
mas do conceito de cultura, esse texto não fala sobre cultura
fala sobre a ideologia eugênica
essa professora é louca!!!!
Os alunos que tanto apoiam a professora não conseguem enxergar o que de fato aconteceu, e isso é muito triste e preocupante, naturalizar esse tipo de prática dentro de uma universidade, baixaria e xingamento como proposta pedagógica. Infeliz caminho que a educação caminha. Ao meu ver somente uma pessoa que não vê a gravidade de um texto deste, poderia aplicá-lo sem dor na consciência. Ouvi dizer também que essa professora ja aplicou esse texto inúmeras vezes como proposta. FIco imaginando que prazer ela tem em fazer tal tipo de prática, depois ficar vendo as pessoas respondendo da forma que ela ensinou ser o certo. Como Tyler contribui para o debate sobre cultura? Tyler foi o principio do principio. Relativismo cultural?Pra discutir este texto, impossível. Me pergunto o que os alunos responderam, e pra área de antropologia e sociologia está tudo errado!!!!
Já foi comprovado cientificamente que a culpa do atraso do Brasil é por culpa da grande miscigenação que a população tem com negros essa raça maldita que realmente é muito atrasada.
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