20.11.12

Dia consciência negra, uma conquista de todo dia

Uma pequena frase revela fatos óbvios. Nesse caso, na frase título da reportagem, ela mostra um alcance profundo na manutenção das desigualdades sociais/raciais no Brasil. As vezes parece que falamos de um outro país, de pessoas que não conhecemos, de fatos que desconhecemos ou de uma realidade que ignoramos. Mas não é isso, a desigualdade vivida pela população negra no Brasil é flagrante e perversa, e sua evidência é mascarada pela naturalização da pobreza, pela deslegitimação das reivindicações específicas para a sua redução e eliminação. Os argumentos variam entre o ingênuo, o cínico e a canalhice. Mas o povo negro que vem sofrendo essas consequências tem pouco a pouco adquirido consciência da farsa que se reveste para sua permanência através dessa enganação, do medo e da repressão de parte do Estado e da cumplicidade de todos aqueles que negam sua existência. Zumbi dos Palmares é um símbolo dessa tomada de consciência construída pelo movimento negro, aquele grupo de arrojados que sai à frente da massa abrindo o caminho para as conquistas devidas a essa imensa maioria destituída de direitos, de condições dignas de vida, oportunidades iguais no acesso a educação, trabalho e saúde e respeito à sua imagem, cultura e religião.

Brasil passou mais de um século sem políticas públicas para o negro, diz professor
19/11/2012 
Da Agência Brasil
Brasília – Em palestra realizada hoje (19) na Advocacia-Geral da União (AGU) o professor e pesquisador Edson Lopes Cardoso destacou a importância de ações que valorizem a inserção de raça e de gênero na sociedade brasileira. A palestra fez parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares.
Segundo o professor, que também é assessor especial da Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir-PR), entre a Lei Áurea, sancionada em 1888, a Lei 3.708, de 2001, que instituiu o primeiro sistema de cotas nas universidades para estudantes afrodescendentes, não houve nenhuma iniciativa que beneficiasse o negro. “Apagamos a escravidão da história” disse.
Ele defendeu ainda a Lei de Cotas, sancionada em agosto, e alertou que é preciso mobilizar governo e sociedade para que, ao final de dez anos, quando a lei precisará ser revista, os resultados possam ter contribuído para melhorar o modelo de sociedade no Brasil.
“As pessoas vão se surpreender daqui a alguns anos quando forem atendidas por um médico índio, um engenheiro negro. E isso vai acontecer. A sociedade e o governo têm que garantir que esse seja o caminho”.
Cardoso lembrou que, apesar de termos no país uma rica diversidade racial é preciso saber lidar com essa variedade, que resultou de um processo histórico e que só traz vantagens para o Brasil. “O que fazemos com essa vantagem? Uma sociedade diversificada tem um desafio, que é assegurar o pluralismo. É compromisso da democracia, combater o racismo e o sexismo”, disse.
Como parte das comemorações do 20 de novembro, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal (Sepir-DF) junto com a Fundação Cultural Palmares promovem durante a semana, uma série de atividades que serão concentradas na Praça do Museu da República.
Estão programadas palestras e seminários sobre a inserção do negro na sociedade, além de desfiles e exposições sobre a cultura negra. Para as noites estão programados shows das cantoras Vanessa da Mata, Dhi Ribeiro, Sandra de Sá e da banda Cidade Negra. A programação completa está no site da Fundação Palmares.
Edição: Tereza Barbosa

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