18.3.14

O racismo cotidiano e a Copa da Fifa.

Não há dúvida que o racismo nas suas mais variadas formas se mantém inabalável e presente cotidianamente na vida social brasileira. 

Diariamente na televisão com as suas abordagens tendenciosas como nas telenovelas e nos programas humorísticos, além de, por outro lado, promover a invisibilidade do negro quando se trata de temas positivos. 

Há ainda, uma política de Estado - executivo, legislativo e judiciário - que ignora os clamores desesperados e as reivindicações urgentes pela população vitimada de medidas contra o pró genocídio da juventude negra e de quantos pobres favelados estiverem no caminho da polícia militar e de grupos informais de justiçamento.

Não há uma estratégia do movimento negro, nem dos movimentos sociais para lidar com isso, hoje, o Estado não se sensibiliza, a população se mantém alheia, imersa no seu cotidiano opressivo e nas horas de fuga diante da tv.

É preciso haver uma mobilização que vá além das campanhas simbólicas como fará o governo para dar mais uma vez satisfação a setores de opinião nacional e internacional com vistas a Copa da Fifa em junho desse ano.

A vida no entanto, continuará pós Copa, cruel e perigosa para uma maioria negra moradora em bairros precários onde, repetimos, a presença do Estado, é a polícia que extorque e mata como se fizesse a parte suja da parte boa da sociedade que se mantém muda e cúmplice.

Diante de um estado de coisas que só tem se agravado com a intensificação dos casos de racismo o governo federal resolveu dar um ar solene a uma campanha anti racista que serve ainda, para agradar aos setores sociais que se prestam a esse papel menor de se deixar usar para legitimar ações de fachada.

O resultado do encontro de alguns negros com a Presidenta Dilma é melancólico:
"Como resultado, o compromisso de uma campanha de combate e repúdio ao racismo que deve ser promovido em função da Copa do Mundo e uma ou outra iniciativa de instituição ou ampliação de cotas raciais em editais de ministérios ou coisa que o valha. Iniciativas importantes, mas pouco para a necessidade e a realidade de barbárie cotidiana a que está exposta a população negra no Brasil."
Diante desses acontecimentos é possível dizer que já não há mais movimento negro, além do movimento de luta pela sobrevivência pessoal, das aspirações de mobilidade e da militância quixotesca de muitos poucos diante da açambarcadora violência cotidiana do racismo.

Violência que no plano real já não se pode mais apontar como residual, nem no plano simbólico por sua vez, considerá-la sutil.
Neste link a nota de Douglas Belquior que participou do encontro com a Presidenta Dilma.


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