5.3.08

Guerra Santa em Salvador

Não existe nenhum exagero neste título.
Uma 'guerra santa' e "silenciosa" já ocorre em Salvador e vem se dando em sucessivos lances através dos ataques feitos por "tribos evangélicas" numa tentativa de ocupar o espaço místico-religoso e político que as religiões negras "ocupam" mas não administram.

Esculturas dos Orixás no Dique do Tororó

Na verdade, a referência a "guerra santa" foi feita em 2006 pelo jornalista César Tartaglia sobre o embate realizado pelo título obtido de patrimônio imaterial nacional pelo acarajé. Naquela ocasião, grupos evangélicos disputavam espaço de venda nas ruas de Salvador com sua versão de um "bolinho de Jesus" com as tradicionais 'baianas do acarajé'.
Diz o jornalista:

"Mas a briga não se resume à comida. Nos orelhões, é possível ver panfletos colados com frases como "Oxalá é o demônio" e "Não use fitinhas do Senhor do Bonfim". E há uma gigantesca igreja evangélica, a Catedral da Fé, bem no caminho de quem chega a Salvador, quase que como nas portas de entrada da cidade. A "guerra santa" promete esquentar." Confira o texto original aqui.

Nestes últimos dois anos vem se intensificando os ataques e provocações aos membros do Candomblé em Salvador com a distribução de folhetos, intimidações, agressões, invasões e agora como num ato magnânino nazista realizado pela própria Prefeitura derrubam-se paredes de um templo do Candomblé.

Veja a postagem anterior, Intolerância Religiosa em Salvador.


Talvez não aja ainda uma 'guerra santa' efetiva em Salvador porque o povo-do-santo tem sabido pacificamente encarrar os ataques com perseverança e pacificamente.

Mas, quando o próprio Estado usa de seu poder de força para realizar um ato ilegítimo e ilegal a reação cidadã deve ir às últimas conseqüências exigindo a restauração da legalidade, da justiça e a reparação. Ainda que, depois de uma negativa de retratação o prefeito tenho voltado a trás e se retratado, o ato da derrubada em si é extremamente grave, porque expõe a fragilidade e a desorganização das populações negras e de suas organizações religiosas permitindo que tal ato anunciado se consumasse.

A resposta da sociedade foi débil ou inexistente diante do ocorrido, imaginemos se um prefeito resolvesse demolir um templo religioso católico, evangélico, judaico ou islamita o que iria ocorrer na mídia nacional e internacional, além das iniciativas dos grupos a que pertencem estas religiões. Mas, como se trata de um templo de Candomblé, podemos medir o grau de importância que as organizações da sociedade brasileira dão ao ocorrido.

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