17.6.13

"Não é pelos vinte centavos!"

É certo que muitos setores do movimento social - a maioria! - ainda não acordaram para o que está acontecendo nas ruas com essas novas manifestações que se espalham pelo país. Esse movimentos se tornaram em sua maioria, organizações burocráticas “quase instituições”, e fora do seu eixo político deixam de operar ou lidam mal com certos ventos de mudança social. Além disso, por conta de sua luta específica, avançaram na conquista de seus direitos e conquistaram posições na máquina de poder, por foça disso, se burocratizaram. Isso, não condena os movimentos sociais à luz dos novos fatos, da nova dinâmica que vem ocorrendo e que agora atinge nosso país. Mas. é uma constatação dos fatos e uma contingência da mudança do patamar da cena da luta social. Que agora, retorna às ruas da cidade, o espaço por excelência que concentra as contradições sociais reunindo e mostrando os incluídos e os excluídos em rua plenitude de riqueza e miséria.

Veja que gente educada se manifesta hoje pelo país!

O modelo de globalização que o Brasil adotou e que tem sua apoteose na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016 vem no rastro de um modelo social insustentável, falido e capitaneado pela integração de certos mercados emergentes como o do Brasil. É um modelo excludente e pode ser exemplificado na concentração de recursos públicos utilizados apenas nos setores adjacentes a esses eventos que visam a lucratividade dos investimentos privados. É isso o que vemos na expulsão de moradores de áreas agora valorizadas e sem a contrapartida às suas necessidade, ao mesmo tempo que concede isenções fiscais para hotéis ou realiza obras de infreestrutura urbana para os novos proprietários das áreas desocupadas, etc. É uma cadeia de negócios e interesses ligada a esses grandes eventos que acaba por impor parte de uma agenda de políticas sociais que não ataca a raiz dos problemas, apenas minimiza seus efeitos e que suga recursos públicos por um lado e corrompe setores de governo e políticos, por outro. Inclusive, a própria corrupção é paga com o dinheiro público do superfaturamento pago pelo governo às empreiteiras. É o caso da seletividade dos investimentos sociais como a criação das UPPs por um lado e da falta de investimentos em saúde e educação por outro.

Hoje, há uma nova geração mais informada por força da internet e que pode acompanhar tanto a moda como os acontecimentos ao redor do mundo Ainda que, de forma seletiva as informações circulam, num volume intenso propiciado pela a própria concorrência da mídia pela audiência. 

Tunísia, Egito, subúrbios das grandes cidades da Europa, Turquia e os movimentos sociais que se globalizaram como o Occupy e Anonimous iradiam suas influência e coincidem em questões comuns. Essas cidades hoje, estão conectadas não só para o lançamento da mercadoria globalizada, mas também, para as demandas sociais que a globalização impõe e unifica. Nesse momento de manifestações, essas cidades com as ações de seus jovens estarão assim conectadas e presentes nas manifestações. Não e por outro motivo que dezenas de cidades internacionais, onde se encontram estudantes brasileiros tem se manifestado em solidariedade. Talvez de uma forma mais dinâmica e intensa possamos ter um paralelo com os anos 60, que atropelou o ritmo das mudanças do pós guerra.

No Brasil, será essa nova geração que estará nas ruas hoje, apresentando sua pauta e querendo ser ouvida e exigindo mudanças.

Os movimentos sociais e os partidos políticos serão ou deveriam ser além de co-protagonistas, guardiões dessas mudanças, porque não é por vinte centavos, apenas.

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