I
Divas são divinas
São dádivas trocadas
Divas são divinas
Porque são elos
Unem o sagrado ao profano
Divas são divinas
Dão
O
Divas
Vivem
Sobre
Divas são divinas
Divas são eternas
As divas são perenes
São mães, amantes, traidoras, e necessárias
Sem divas não seremos súditos
Sem musas não seremos poetas
Sem dádivas não seremos nada
II
Sem Lélia, Betinha, (1)
Tantas divas subtraídas
Sem suas memórias cuidadas
Não faremos retribuições
Enfraqueceremos o mana*
Talismã, legado, fonte de riqueza
De única obrigação
Retribuir
"Nunca vi tão generoso
que o receber não fosse o recebido"**
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* Elemento da honra e do prestígio que confere a riqueza e a autoridade em povos da Oceania.
** Adaptado do Havamal, poema Edda escandinavo. in Mauss, Marcel (1872-1950)
(1) Referência às lideranças femininas negras Lélia Gonzalez e a Beatriz Nascimento
Julho de 2007
Um comentário:
Simplesmente maravilhoso, ver nesta Blog as duas musas negras que abriram caminhos numa terra extranha, que foram chamadas de agentes da CIA, ou que nao passavam de "uma" mulher nos sambas da guerra fria de entao.
Hoje que tantos partidos de esquerdas de antigamente, se botam as bandeiras negras em suas lapelas, e neoliberais, dizem que sao antiracistas desde criancinha, e falam da igualdade da carne de hamburger, e da multicuralidade do salário de fome a la macdonald, é lindo de ver uma evocacao a nossas musas, que mostraram a quem teve a chance de ver, e coracao para perceber que a universalidade em tornar-se negro, nao permite grilhoes supremacistas.
Plurais na pluralidade elas diziam , e nao na singularidade unicista do pensamento eurocentrista.
Gostaria de eu mesmo ter feito este poema
axé Zé Axé Axé Betinha dos Arcanjos, Axé Lélia dos mares cheios de cabelos
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