27.2.08
Duas Caras: branquinha e pretinho
Na novela Duas Caras da TV Globo seu autor Aguinaldo Silva passou das medidas.
Provocador, ele primeiro foi contra as cotas raciais, mais tarde enfartou a mãe-de-santo personagem da primorosa Chica Xavier, também colocou na boca da Barretão o mais famigerado racismo e ainda mostrou aquelas mulheres negras maravilhosas na Portelinha.
Agora abalando e rompendo com os costumes elitistas e racistas da classe média "junta" a branquinha e o pretinho (Júlia e Evilásio, personagens de Debora Falabela e Lázaro Ramos). Definitivamente, o Aguinaldo Silva passou das medidas!
Por isso mesmo, ele se superou ao longo da novela Duas Caras, evoluindo da primeira escorregadela elitista para uma visão social mais progressista no desenvolvimento da trama de suas personagens negras.
Agora as personagens estão em meio aos conflitos raciais com uma perspectiva que obedece bem aos padrões raciais da 'saída à brasileira'.
Passou-se de um racismo explícito ao racismo alegórico e paródico como expressado na figura do Barretinho que se bronzeia a fim de parecer 'mais negro' para conquistar seu amor, uma mulher negra 'assumida'.
E isso não é 'história de novela' porque é assim que se expressa o originalíssimo racismo brasileiro, difuso, dissimulado e até invertido. Como na forma em que os não-negros vão para a praia 'pegar uma corzinha' e que o ton mais escuro do bronzeado aparece como um sinal de 'status'. E ao mesmo tempo se discrimina socialmente qualquer um que carregue o seu bronzeado natural, o que é comum nas praias da zonal sul do Rio de Janeiro, desde que se suponha ser um morador da periferia.
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