5.3.08

Intolerância religiosa em Salvador

Mâe Rosa, a Mameto responsável pelo Oyá Onipó expressa seu sofrimento ante a agressão patrocinada pela prefeitura da capital baiana, também conhecida como a Cidade dos Orixás, agora, como ironia.


A prefeitura de Salvador (Ba) tentou demolir no dia 22 de fevereiro o templo religioso Oyá Onipó em ato de provocação e desrespeito ao candomblé, as populações negras, a liberdade religiosa e a democracia. A demolição foi interrompida graças a rápida mobilização de membros do candomblé e do movimento negro baiano.
A tentativa de demolição foi uma prova de força do prefeito evangélico João Henrique que acabara de impor a população da cidade um plano diretor de desenvolvimento urbano - PDDU - que agride o perfil e a história da cidade em favor da especulação imobiliária e que justificaria tal medida.
Os protestos contra o PDDU tem sido feitos inclusive por representantes de orgãos estaduais e federais visando proteger a cidade das agressões ao meio ambiente institucionalizadas pelo plano diretor. Veja, aqui, aqui,

O templo religioso Oyá Onipó Neto está localizado numa valorizada área de Salvador no bairro Imbuí há 28 anos e possui título de posse, além de estar com os impostos pagos. A associação religiosa tenta a 11 anos regularizar a titulação do terreno e além disso, está inscrita no projeto de Mapeamento dos Terreiros Religiosos de Salvador da própria Prefeitura.

Perplexos os membros do templo de Candomblé observam a destruição feita pela Prefeitura de Salvador (Ba).

“Sem avisar, cerca de 35 homens da Superintendência Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom) e da Polícia Militar queriam derrubar minha casa, com um bocado de papel numa pasta mas não me mostraram nenhuma ordem judicial para isso”. Depoimento de Mãe Rosa, a Mameto responsável pelo templo.

Em solidariedade ao ato preconceituoso de intolerância religiosa e perseguição aos membros do Candomblé, o militante do movimento negro de Salvador o ativista Marcos Resende coordenador do Coletivo de Entidades Negras (CEN) realizou uma greve de fome nas dependência do terreiro semi-demolido.

Nesta quarta-feira dia 5 de março será realizada uma passeata no bairro exigindo a imediata recontrução do templo religioso e a demissão da Secretária Municipal Kátia Carmelo que promoveu a tentativa de demolição.

Um comentário:

Ronaldo Miguez disse...

Acredito que os profitentes de cultos afro-brasileiros deveriam estar mais unidos em torno dessas questões de intolerancia, que já atingiram seu mais alto patamar. Candomblecistas e Umbandistas de todo o país deveriam estar organizados para atuar conjuntamente, todas as vezes em que fatos lamentáveis como essa acontecessem.Infelizmente, no plano da justiça humana depende-se de bons advogados e recursos financeiros para pagá-los, e só através da conjugaçção de forças será possível fazer frente a essas agressões. Os membros do Candomblé e da Umbanada não são adeptos da violência ou fanatismo, mas precisam ser mais ativos na defesa pacífica dos seus diretos constitucionais. Sem articulação interna dos adeptos, isso se torna muito difícil.

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