10.8.10

MV Bill nu mostra seu Rap Global

MV Bill apresentou-se no palco do Oi Futuro no evento A Teatralidade do Humano em sua segunda edição. MV Bill sucedeu ao Boaventura Santos Souza que apresentou seu Rap Global, uma forma que sociólogo português encontrou para dizer o que o texto acadêmico não diz, mas que ele vestido do alterego Queni Oeste nome de seu admirado rapper Kenye West, disse.

MV Bill seguindo o roteiro do evento, buscava encontrar a "teatralidade presente nas artes e na vida cotidiana", tarefa que assumiu em sua carreira artística e de militante social e que o levou a ser reconhecido  pela Unesco como "um dos 10 mais influentes militantes do mundo".

A história da vida de Alex Pereira Barbosa, antes de batizado MV Bill, foi a de um menino comum na periferia de uma grande cidade cercada de pobreza. A convicçição com que frequentava a escola pública estava abalada pelo carinho da mãe que exprimia mais um sorriso envolvente quando ele trazia os trocados ganhos guardando carros ou empurrando carrinhos de supermercado. Acabou não resistindo na escola além da 5ª série e buscou a "empregabilidade" no teatro da vida pobre dos personagens preferencialmente negros que encenam o Rap Global da miséria de que falou Boaventura Santos.

Os primeiros livros do jovem Alex foram O Negro revoltado de Abdias Nascimento, a biografia de Malcom X de Alex Haley e uma história de Zumbi dos Palmares que formaram sua consciência de que o lugar do negro não era aquele que o destino parecia ter lhe reservado naquela Cidade de Deus onde nasceu e vive.

A cena hip hop já ecoava na periferia durante sua adolescência e foi o que lhe serviu de inspiração e força para sua revolta consciente. O menor Alex que então fizera uma outra opção de vida tomando o próprio destino nas mãos sai em busca de irradiar aquilo que descobrira nos livros e nos poucos anos de vida, daí nascendo o Mensageiro da Verdade que que se diferencia de um reles pastor de periferia enganador dos pobres miseráveis e agrega seu diferencial Bill apelido de moleque.

MV Bill procura assim assumir uma nova verdade diante daquela realidade que parecia inevitável de pobreza, falta de oportunidades, racismo, segregado na vida da favela, exposto à violência policial, sujeito à ditadura do crime, predestinado à vida curta.

Com a criação da Central Unica de FavelasCUFA - MV Bill rompe de vez com as formas tradicionais de fazer política e cria uma matriz para sua própria experiência reunindo com outros parceiros suas experiências e revoltas contra a desigualdade imposta e o racismo camuflado que exclui a maioria escondida nas favelas.

MV Bill vai aos poucos, diante das perguntas da platéia se depindo das máscaras que a vida cria, algumas como máscaras de ferro, pivete, preto, bandido, vítima preferencial, outras máscaras de bobo, bufão, artista, vagabundo ou cafetão. No palco vazio, eclusivo para ele, sentado, pernas abertas, duas garrafas de água para hidratar, MV Bill não resiste e pede para ir ao banheiro. No pequeno intervalo as perguntas se afiam e Bill volta à cena e num rápido movimento num gesto que consagra o rapper diante do seu público coça a virilha ajeitando o pau na cueca e senta-se para a reta final.
As perguntas explodem da pequena platéia que não lembra nem um show de rap muito menos a platéia do Rap Global de Boaventura Santos repleta de intelectuais, estudantes e militantes de diversas causas.

Sereno, MV Bill vai se despindo de cada máscara que lhe atiram e o personagem é na verdade o artista nato, talentoso, genial que driblou o destino cruel que pareciam ter reservado para ele. Sua verbalize final no ritmo de hip hop expõe sua derradeira mensagem de um criador de sonhos!

O vídeo substitui o insusbituível no palco do Oi Futuro do Flamengo (Dois de Dezembro,63 - Lgo do Machado, RJ) onde MV Bill se apresenta novamente no próximo dia 24 de agôsto as 19:30 com senha distribuídas as 19h.

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