9.7.08

O Estado assassino


Manifestação da assustada classe-média da cidade do Rio de Janeiro cobrando responsabilidade pública pelas vítimas que ainda serão assassinadas em grande parte pelo Estado

A política genocida de segurança pública do Estado brasileiro segue sua sanha de assassínios contra a população pobre que no estado do Rio de Janeiro atinge seu clímax produzindo o gozo macabro de seus perpetradores.

A república que começou assassinando em massa no sertão de Canudos deu mostra recente de como continua a agir em escala reduzida e em conluio com o crime rastaquera da periferia urbana entregando três adolescentes para serem massacrados por outros bandidos, após serem presos pela polícia do exército que servia de segurança numa obra eleitoreira promovida por um senador e candidato a prefeito na cidade ex-capital federal.


O Governador do estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho e o Presidente da República Lula na ocasião em que entregavam veículos para a segurança dos Jogos Panamericanos continuam agindo como se desconhecessem o cotidiano de violência produzida pelo Estado contra a população indefesa
Quando pensávamos que já tinhamos atingido o pico da insanidade, da demagogia e da podridão travestida de moralidade e profissão de fé evangélica com os governos Garotinhos, e que do fundo do poço surgira o bonachão Sérgio Cabral Filho como governador, eis que estamos de volta à sarjeta dos tempos finados do século XIX onde se expunha nas ruas as sobras das entranhas dos governantes.

Cenário que se forma quando uma autoridade pública declara que o comandante da polícia militar abreviou o treinamento de policiais para ter mais soldados na rua e despacha desqualificados armados e pagos pelos cidadãos que seriam seus protegidos.

Em respostas dadas em várias ocasiões para a mídia o secretário de (In)Segurança Pública declara petreamente como um oficial nazista fazendo propaganda de sua verdade ter sido uma operação desastrosa, uma fatalidade como se houvera um acidente de percurso. Como se ali no momento de assassinato de um menino em zona urbana policiais militares portando fuzis com capacidade de disparo de 650 balas por minutos fosse algo comum ou necessário.

Num estado em que o ex-secretário de segurança pública e deputado estadual é processado pelo Ministério Público e afastado (e logo reconduzido por um grupo de parlamentares inclassificáveis) por acusações de recebimento de propina do jogo ilegal e do contrabando, formação de quadrilha e corrupção eleitoral, o que mais podemos esperar?


Seria cômico se não fosse trágico: os policiais perseguiam um carro preto, atiraram no primeiro carro preto que viram. Numa cidade como o Rio se estivessem perseguindo um homem ou mulher pretos... ainda tiveram a ousadia de dizer que trocavam tiros com os bandidos como fazem quando assassinam jovens e crianças nos morros da cidade e que a mídia publica e não desmente, o comando policial reitera e a justiça aceita.

Sabidamente a população teme mais a polícia que mata mais do que os bandos criminosos armados, e que depois dessa "operação" de extermínio, por acaso mal sucedida, põe a nu mais uma vez a política genocida do Estado em que qualquer cidadão pode ser executado com o acobertamento das instituições. Seja por um discurso da mídia que criminaliza o pobre e incita ao confronto, seja pelo corporativismo da polícia que mente e forja provas, seja pela ineficiência e corrupção dos aparatos jurídicos, seja pela corrupção do legislativo, seja pela omissão e conivência dos que ainda não foram atingidos pela sanha assassina executada pelos que deveriam proteger o cidadão. O que ocorrerria, se de fato vivêssemos numa democracia republicana.

Um comentário:

radiomamaterra disse...

José Ricardo,
quando é que o Rio vai se livrar desses facínoras que comandam a política do Estado?

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