Me reuni a um pequeno grupo comandado pela amiga W. em seu partamento na Tijuca (RJ), alto capital intelectual no conjunto, baixa classe média, negros e brancos, cachorro, criança, jovens e adultos realizando ao menos por momentos o cenário que era celebrado mundialmente com a posse de Barak Hussein Obama como primeiro presidente negro dos EUA.
Nada certamente diferente do que ocorria em milhões de lares em milhares de povos e identidades ao redor do mundo saudando a imagem que materializa a aspiração da maioria das pessoas na face da terra: viverem em harmonia e sabedores hoje mais do que em qualquer época passada de que a própria existência do planeta depende da cooperação e da paz, não da guerra ou da perpetuação da pobreza e da miséria.
A posse de Obama carrega nesse ideal seu maior simbolismo e representa uma das maiores responsabilidades depositada em seus ombros.
Alguns de nós contemporâneos dos acontecimentos entre os últimos 30 a 40 anos no início da nossa juventude e na época em que o mundo despertava e se rebelava sobre o legado do racismo deixado pela escravidão e o massacre generalizado dos povos africanos e indígenas e os então mais recentes massacres de milhões de judeus, de armênios, etc. como agora repudiamos o massacre de Israel contra os palestinos e de povos africanos contra povos africanos e de qualquer povo contra qualquer povo.
A resposta da sociedade norte-americana elegendo Obama surpreende porque a própria liderança do país tem sido protagonista ou legitimadora neste período dos piores massacres contra povos ao redor do mundo em nome de seu modelo de sociedade, de seu modelo de democracia e do capitalismo.
Nos anos 60 e 70 ocorria o auge das transformações que compuseram o cenário que agora se descortina com a eleição e posse de Obama onde todos nós amando ou repudiando o capitalismo norte-americano não podíamos deixar de ter no EUA uma referência de onde filtrávamos o que parecia seu melhor.
Negros e brancos dispunhamos de um cardápio de cenários sociais para tomar como referência para nossas crenças e idiosincrasias sobre uma sociedade multiracial e multicultural, sobretudo nós afro-brasileiros, há muitos já descrentes da democracia racial propalada por aqui.
Buscávamos o conflito como meio de denúncia e demonstração do antagonismo latente e daquele manifesto mas distorcido pela hipocrisia, pelo acomodamento, pelo medo e pelo privilégio dos seus beneficiários: os vermes sociais.
Enfim, acreditávamos que o acirramento das contradições levariam à consciência do dano, do delito e a sua resolução, mas a história, seus acontecimentos provaram que não era bem assim.
A esquerda foi pra o beleléu com o socialismo e muitas das mazelas sociais permanecem sem solução à vista, a direita segue o mesmo caminho destronada de seu maior símbolo na América e os regimes políticos e a economia mundial caminham para uma inexorável era de cooperação e trocas.
O que resta do velho capitalismo deverá ser enterrado com a atual crise financeira que desmascara a manipulação do fluxo de capitais mundiais comportando-se como numa mesa de roleta num cassino.
O mundo que se descortina para um futuro próximo ainda supreende a muitos como a tantos outros que ainda não se deram conta e é certamente é ignorado pela maioria, mas seu maior perigo serão os resistentes que se recusam a perceberem os sinais de mundança.
Uma minoria poderosa de beneficiários da velha ordem composta de negros e brancos, homens e mulheres, ricos e pobres, capitalistas e socialistas, esquerdistas e direitistas, racistas e preconceituosos de toda ordem que resistem no seu cotidiano, nas suas convicções e que se tornaram os seus guardiões, ainda que neguem veementemente - e muitos nem tanto.
Obama nas alturas! parodia - Osana nas alturas! - saudação aos Reis vitoriosos registrados nos tempos bíblicos e que reflete do que se reveste e o que se espera do início da era iniciada pela posse de Barak Hussein Obama.
Mais do que o presidente dos EUA Obama passou a carregar a responsabilidade e a esperança de um novo mundo, uma espécie de presidente simbólico do planeta ao menos nesta nossa época em que estamos depositando nele como fez a maioria do povo da América do Norte nossas esperanças daquilo que acreditamos e queremos: um novo tempo de prosperidade e paz.
E com um mínimo de discernimento e ceticismo positivo: que Obama não represente tão somente a salvação do capitalismo norte-americano.
Ah! O bobó seguiu receita tradicional da linha matriarcal com homens expulsos da cozinha, macacheira cozida na água de côco verde, amassada no garfo e batido no liqidificador com leite de côco, camarões graúdos refogados no alho, cebola, coentro, dendê com pimenta à parte.
Sua feitura durou toda a cerimônia da pose, ou seja das 13 h. às 20 h., famintos mas sorridentes saboreamos o bobó e brindamos - acho - a posse do Obama, assistida passo a passo, lance a lance.
Axé Obama, viva o movimento negro e salvem o Conneb!
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