Barack Obama visita Gana em sua primeira visita à África como Presidente dos Estados Unidos. Seguem trechos do seu discurso feito no Parlamento de ganense.
Barack Obama, primeiro presidente negro dos EUA em sua visita oficial à África
Barak Obama partiu da Europa após uma reunião do G8 para a África (trechos):
"O século XXI será influenciado não só pelo acontecimentos em Roma, Moscovo ou em Washington, mas também pelo que acontece em Acra."
"Vejo África como uma parte fundamental do nosso mundo interligado."
Em outro trecho, segue dizendo:
"Devemos partir do simples princípio de que o futuro de África depende dos africanos."
"Digo isto com plena consciência do trágico passado que por vezes tem ensombrado esta região do mundo. O facto é que corre sangue africano dentro de mim e a história da minha família reflecte, quer as tragédias, quer os triunfos, da história mais ampla de África."
"Alguns de vós sabem que o meu avô era cozinheiro de ingleses no Quénia e, embora fosse um ancião respeitado na sua aldeia, os patrões chamaram-lhe rapaz durante quase toda a sua vida. Ele estava na periferia das lutas pela libertação do Quénia mas, mesmo assim, naquela época repressiva, esteve preso durante um curto período de tempo. No seu tempo, o colonialismo não se resumia à criação de fronteiras anti-naturais ou de regras de comércio injustas – era algo vivido pessoalmente, dia após dia, ano após ano."
"O meu pai cresceu a pastorear cabras numa pequena aldeia, a uma distância impraticável das universidades americanas que viria a frequentar. Tornou-se adulto num momento de extraordinária promessa para África, quando as lutas da geração do seu próprio pai davam origem a novas nações, um processo que começou aqui mesmo, no Gana. Os africanos estavam a educar-se e a afirmar-se de novas maneiras e a História avançava."
"Mas, apesar do progresso realizado – e tem havido um progresso considerável em muitas regiões de África – também sabemos que grande parte dessa promessa ainda não se tornou realidade. Países como o Quénia que, quando eu nasci, tinham uma economia per capita mais importante do que a da Coreia do Sul, foram já largamente ultrapassados. A doença e os conflitos dizimaram regiões do continente africano."
"Em muitos locais, a esperança sentida pela geração do meu pai deu lugar ao cinismo e, mesmo, ao desespero."
Obama em seu discurso, reconhece um o pesado legado do Ocidente:
"...um mapa colonial que fazia pouco sentido contribuiu para gerar conflitos. O Ocidente tem muitas vezes tratado África com paternalismo, ou como fonte de recursos, e não como parceiro."
Por outro lado, aponta Obama que responsáveis também "foram em parte o tribalismo, o favoritismo e o nepotismo."
Ressalta que a mídia favorece ao estereótipo e ao preconceito:
"... vemos uma face de África demasiadas vezes ignorada por um mundo que apenas vê a tragédia ou a necessidade de caridade."
Obama reconhece Gana como um exemplo de democracia e desenvolvimento na região:
"O povo do Gana tem trabalhado arduamente para estabelecer a democracia em bases sólidas e procedeu a várias transferências pacíficas de poder mesmo depois de eleições muito disputadas."
O Presidente dos EUA Barak Obama aponta algumas transformações ocorridas nas lutas sociais:
"Este progresso pode não ter a espectacularidade das lutas de libertação do séc. XX, mas uma coisa é certa: em última análise, terá resultados mais significativos, pois se é importante deixar de ser controlado por outras nações, é mais importante ainda construirmos a nossa nação."
Obama observa ainda um ponto sensível para as velhas gerações que sustentaram a luta anticolonialista e que ainda hoje governam muitos países na África:
"...aprendemos que não serão grandes vultos como Nkrumah e Kenyatta que determinarão o futuro de África."
Também se refere ao ditatorial governo do Zibabuwe:
"... o desenvolvimento depende da boa governança. É esse o ingrediente que falta, há demasiado tempo, em tantos locais. É essa a mudança que pode despertar o potencial de África."
Obama afirma dessa forma um compromisso com a democracia e o apoio ao desenvolvimento dos países africanos que estejam comprometidos com o novo paradigma que ele parece querer estabelecer de compromisso de fato com a democracia como pressuposto para o desenvolvimento social.
A íntegra do discurso de Barak Obama na visita a Gana encontra-se aqui.
Visita do Presidente dos Estados Unidos Barak Obama a Gana na África em 11 de julho de 2009 em reportagem do Jornal da Dez.
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