Minhas lembranças de Carlos Alberto Medeiros recém nomeado titular da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro não devem me orientar a refletir sobre seu desempenho à frente do orgão.
A amizade, o trato pessoal, gostos comuns e tantos peculiaridades vividas e sabidas não cabem numa manifestação pública de expectativas sobre o que será sua gestão pública por isso poupemo-nos às críticas e juízos de valor antecipados.
Medeiros é há muito figura pública já tendo ocupado algumas funções junto a orgãos governamentais além da carreira de jornalista e atualmente com sólida formação acadêmica, além da militância no movimento negro.
Sua formação política é contemporânea aos anos 60/70 situado entre o sectarismo político e o desbunde da esquerda. A isso devemos somar o desbravamento que sua geração fez junto aos setores conservadores e racistas à esquerda e à direita da hipocrisia da democracia racial e outras iniquidades sociais mais ou menos visíveis.
Talvez tenhamos avançadp muito para alguns ou muito pouco para outros, mas não se pode deixar de admitir não ficamos parados.
A travessia não gerou nenhuma diáspora - a não ser de alguns laços de amizades - mas sim um mergulho na nossa cultura de matriz africana e nas suas transformações norte-americanas e caribenhas.
E mesmo mergulhados na cultura dos anos 70 e sob a ditatura militar e nos anos 80 de reconstrução democrática foi mais fácil acreditar que os "novos tempos", se não chegaram estavam mais próximos, afinal o mundo mudara e era isso o que nossa geração almejava.
O saldo do que foi obtido em termos institucionais sob controle tímido e exíguo de representantes negros no Estado não possui um balanço propriamente positivo, seja no Rio, São Paulo, etc.
Migalhas de poder, mas o movimento negro não soube avançar suficientemente neste plano, personalismo, falta de experiência, boicotes, enrolação, etc, etc.
Fragilidades políticas, imaturidade com o poder, a não ser por aqueles que sempre souberam servir-se dele para benefício próprio, estes sempre estiveram prontos e a postos sendo muitos deles, por assim dizer...invisíveis em suas sinecuras.
Obamedeiros, porque é engraçado, irônico neste momento em que coincide tamanha mudança junto ao nosso "irmão" do norte transformando na nação que foi um dos símbolos da segregação racial e elegendo agora um presidente que certamente a redime diante da história.
No nosso caso apenas um orgão público provisório, sem orçamento, sem programa, sem infraestrutura, incrustrado num máquina administrativa de uma grande cidade brasileira, é certamente um 'poder' obtido na rabeira de uma negociação política em que se deve crer tenha prevalecido a grandeza política e não a mesquinharia de um 'cala-boca' interno ou de uma vitrine para 'inglês ver'.
Entre Medeiros e Obama é a proximidade da geração que os torna contemporâneos e permite o neologismo, mas sabemos, não é o suficiente para ilustrar um perfil de um cargo político que comande as mudanças que precisamos, ao menos, valoriza o acontecimento.
A pauta de trabalho está há muito colocada, o mínimo exigido, e aí Obama traz algumas tênues inspirações que cabem no desempenho do cargo: trânsparência com o auxílio das novas tecnologias é uma boa idéia.
Restam o programa e os feitos.
Teremos enfim o nosso Obama afrocarioca?
Afinal, cada povo tem o Obama que merece!
Para saudar ao gosto dos anos de juventude!
Leia aqui uma pequena entrevista da trajetória de Carlos Alberto Medeiros.
Um comentário:
Estamos sempre na maquina dos Governos e não na maquina do Estado Brasileiro, dessa forma nossas ações são sempre transitórias e não permanentes. Creio se Carlos Alberto definisse 2 projetos de lei para trabalhar junto ao Prefeito e a Camara de Vereadores no ambito de sua secretaria nesses 4 anos, para nós seria uma vitória sermos inseridos permanentemente no aparelho municipal.
Januario Garcia
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