Ministra de Moçambique vítima de racismo em Brasília
Fonte: Isto É Gente (5/4/2004)
Racismo no Hotel Nacional: Justiça ouve (08/09/2009) autoras do processo e aciona depoimentos de testemunhas internacionais
Cinco anos após a ocorrência de crime racial, Justiça indaga autoras do processo. Duas testemunhas-chave de Moçambique e da Bolívia serão acionadas em cartas a serem enviadas pelo Ministério da Justiça. Caso envolveu autoridades internacionais, primeiro escalão do governo federal e lideranças de mulheres negras brasileiras
Três das seis autoras da denúncia de crime de racismo cometido pelo Hotel Nacional, em março de 2004, serão ouvidas hoje (8/9) às 15h, em Brasília, pela 3ª Vara Cível do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios). O caso volta à tona cinco anos após a sua ocorrência, quando sete mulheres negras foram insistentemente interpeladas por funcionários do Hotel Nacional durante o consumo do restaurante para saber como seria feito o pagamento das despesas.
O caso teve ampla repercussão nacional e internacional. Segundo as autoras – todas negras, entre autoridades internacionais, funcionárias do primeiro escalão do governo federal e lideranças da sociedade civil -, garçons e maître abordaram o grupo constantemente durante o jantar. Elas participavam do seminário "América do Sul–África–Brasil 2004", sobre políticas contra o racismo, ocorrido no próprio Hotel Nacional. Entre elas estava a ministra da Mulher e da Coordenação de Ação Social de Moçambique, Virgília dos Santos Matabele, que representava o então presidente Joaquim Chissano.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul, o que desencadeou ação criminal e ação civil por danos morais. Foi denunciado ao governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. Na época, o Ministério das Relações Exteriores chegou a encaminhar um pedido formal de desculpas ao governo moçambicano. "Nunca passei por tamanho constrangimento em nenhum lugar do mundo", disse a ministra de Moçambique.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul, o que desencadeou ação criminal e ação civil por danos morais. Foi denunciado ao governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. Na época, o Ministério das Relações Exteriores chegou a encaminhar um pedido formal de desculpas ao governo moçambicano. "Nunca passei por tamanho constrangimento em nenhum lugar do mundo", disse a ministra de Moçambique.
De acordo com um dos advogados das autoras Emerson Masullo, a demora na tramitação do processo foi desencadeada por dois fatores: falta de rigor de apuração policial e afastamento de funcionários do Hotel Nacional para descaracterização da denúncia. “Trata-se de um caso de relevância nacional. As lacunas na apuração do inquérito policial e as demissões dos funcionários foram artifícios para descaracterizar o crime racial. Mas é inegável, houve racismo e violação do Código do Consumidor para constrangimento das clientes. Foi prática de racismo e constrangimento nas relações de consumo”, considera Masullo.
O advogado aponta que os depoimentos das testemunhas-chaves – a ministra moçambicanaVirgília Matabele e o acadêmico Ricardo Calla, da Universidade de la Cordillera de Laz Paz (Bolívia) – são decisivos para desfecho do caso. O pedido já foi deferido pela 3ª Vara Cível do TJDFT para o Ministério da Justiça. “A expectativa otimista é que leve de três a seis meses para que esses depoimentos sejam anexados aos autos do processo”, explica Masullo.
Hoje (8/9) as autoras – Magali Naves, Regina Adami e Vanda Menezes – serão ouvidas pela Justiça. As demais autoras – Deise Benedito, Lucila Beato e Nilza Iraci -, que estão em viagens internacionais e compromissos profissionais serão indagadas por cartas rogatórias. Elas exigem indenização pelos constrangimentos motivados por racismo, como estabelece o Código do Consumidor nos casos de exposição negativa de clientes por empresas.
Audiência 3ª Vara Cível do TJDFT – Racismo no Hotel Nacional
Data: 8 de setembro de 2009 – terça-feira
Horário: 15h
Local: TJDFT (Palácio da Justiça Praça Municipal, lote 01, Eixo Monumental) Brasília/DF
Informações à imprensa: Emerson Masullo – advogado (61) 8419-5589
Data: 8 de setembro de 2009 – terça-feira
Horário: 15h
Local: TJDFT (Palácio da Justiça Praça Municipal, lote 01, Eixo Monumental) Brasília/DF
Informações à imprensa: Emerson Masullo – advogado (61) 8419-5589
Postado na lista Mulheres Negras por
Isabel Clavelin- Jornalista DRT/RS 11.512 - (61) 9179-9230
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