Imagem de Iemanjá em Copacabana em 2013
"Em Copacabana, praia mais famosa do país, já lotada de turistas, a imagem da Rainha do Mar chegou recebendo aplausos e mostrando a força da cultura Afrobrasileira." (O Globo/G1 - 28/12/2013)
O sincretismo é uma realidade e a fé que o move é legítima. Contudo, algumas representações da fé religiosa são construções culturais e históricas bem localizadas no tempo. No Brasil, elas representaram tanto, uma estratégia de manutenção da fé, já como inversão e síntese dos laços com a África, mas também, a imposição de uma nova condição social através das formas da fé como submissão à ordem social de exclusão da população negra.
Hoje, cabe a crítica desse processo que se formou no período colonial. A fé religiosa e seus modos de expressão não são imutáveis como demonstram as religiões negras/afrobrasileiras.
O trecho destacado acima da matéria do G1 faz parte da mistificação que alimenta, não o sincretismo, mas, a inverdade que cerca sua função política de transformar os praticantes das formas religiosas sincréticas de raízes negras em símbolo de uma falsa inclusão social e que tenta fazer da popularidade do rito de homenagem a Iemanjá uma expressão de respeito às religiões negras.
Nesse último caso, a celebração do sincretismo atende bem a finalidade de proclamar que "não somos racistas". E uma representação da Iemanjá com a imagem da mulher branca atende bem ao mito da integração subordinada do negro.
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